Geralmente, costumo falar sobre as minhas impressões e o efeito dos lançamentos de beleza na página de produtos aqui do site, no formato de review. Mas decidi escrever este post de uma outra maneira por dois motivos. Primeiro, porque queria abordar uma linha inteira. Segundo, porque a minha relação com essa linha começou de uma maneira diferente e até meio poética: durante uma viagem que aconteceu meses atrás e da qual vou recuperar alguns momentos ao longo do texto. A conversa é sobre a coleção Natura Ekos Patauá.
Expedição ao Pará
A família Ekos, da Natura – você já deve saber bem –, tem coleções centradas em ativos da biodiversidade brasileira. A de castanha talvez seja a mais conhecida delas, mas também sou fã de produtos que têm outra assinatura, caso da manteiga concentrada de murumuru (uma maravilha para recuperar cachos que estão ressecados) e da polpa exfoliante de açaí (ótima para deixar a pele do corpo lisinha). Então, quando recebi o convite para participar de uma press trip que apresentaria uma nova linha Ekos, fiquei curiosa. Que preciosidade brasileiríssima seria a mais nova estrela da marca?
Fomos, uma turma de jornalistas e blogueiros, para o Pará. Da correria de São Paulo direto para um almoço delicioso em Belém, às margens da Baía do Guajará. E de lá para um roteiro de aventuras pela floresta: um percurso com cerca de cinco horas por terra e por água (sim, balsa e lancha estavam envolvidas!) até desembarcar em Cametá, à margem do rio Tocantins. Perto dessa cidade – mas já no meio da selva – fica a Comunidade Ponta Grande, responsável por coletar os frutos do patauá, palmeira encontrada naquela região da Amazônia.
É desses frutos (que lembram uma azeitona na forma, mas são maiores) que se extrai o óleo de patauá, ativo que deu origem à nova linha. E foi para conhecer o local onde a palmeira nasce, a comunidade que coleta os frutos e toda a história por trás da criação da nova linha que fomos convidados a fazer essa viagem.
O que esse óleo faz pelos fios?
Em buscas por novos ativos vegetais, a equipe da Natura descobriu que o óleo de patauá era muito utilizado pelas mulheres paraenses para fortalecer e dar brilho ao cabelo. Ao levar a substância para o laboratório e analisá-la detalhadamente, a marca confirmou: sua capacidade de fazer o fio crescer e se manter saudável era real. Motivo? Esse óleo, além de trazer compostos emolientes já bem conhecidos por dar brilho, maleabilidade e maciez (caso dos ácidos linoleico e oleico, os famosos ômega 6 e 9), inclui entre os seus componentes um fitoativo muito específico, que apresenta uma propriedade mais específica ainda: ajudar a manter os fios ligados ao couro cabeludo por mais tempo.
Pausa para momento científico
(amo a parte da beleza que é conectada à ciência, então tenho que dar essa explicaçãozinha, seja paciente!).
O ciclo de crescimento do cabelo envolve três fases diferentes. Na primeira, chamada anágena, o bulbo capilar vai construindo, em um processo contínuo, a estrutura do fio. Ou seja, essa é a fase em que ele nasce e cresce. Na segunda, a catágena, o fio para de crescer, mas não se desprende do folículo capilar – ou seja, ainda permanece fixo no couro cabeludo. Na terceira e última, chamada telógena, o fio se solta do bulbo, que fica adormecido por um período e então volta à ativa (= à fase anágena) para começar a fabricar um novo fio.
E a mágica que o fitoativo do óleo do patauá faz…
…é bloquear a ação de uma proteína, a STAT 3, diretamente ligada aos processos de interrupção do crescimento e de descolamento dos fios. Ou seja, ele prolonga a duração da primeira fase do ciclo, a anágena, e com isso ajuda a manter os fios bonitinhos, presos à sua cabeça e crescendo com força, por mais tempo. A percepção de quem usa regularmente é a de que o cabelo está mais cheio e mais forte.
O que meu período de testes mostrou
Como andava notando, nos meses anteriores à viagem, que o meu cabelo andava um pouco fraco, decidi (literalmente!) mergulhar de cabeça na linha. Usei, entre o final do ano e o final de janeiro, praticamente todos os produtos da coleção, mantendo uma rotina de passar o xampu e a máscara capilar toda vez que nadava (coisa que faço de duas a três vezes por semana), acrescentar à máscara, quando tinha tempo, duas das cápsulas concentradas (ajudam a aumentar a nutrição do fio) e passar, com o conta-gotas, o tônico capilar no couro cabeludo (isso após cada lavagem). O condicionador acabou ficando um pouco de lado, pois percebi que a máscara trazia uma maciez maior para meus cachos. E o óleo de finalização foi o único produto com o qual não me dei muito bem. Explico: ele traz um brilho e um efeito de selagem das cutículas incríveis, mas senti que não ajudava muito na definição do cacheado (outros óleos de tratamento são, no meu caso, mais eficientes nesse sentido).
Não fui 100% fiel ao combinado xampu e máscara de patauá, já que, quando lavava a cabeça em casa (e não na academia), acabava utilizando outra dupla de xampu/máscara ou condicionador. Mas isso acabou até sendo útil: quando voltava ao combo da Natura, achava notável como o cabelo ficava imediatamente com uma textura mais íntegra. Pensa em um fio com toque saudável, sobre o qual os dedos escorregam; são esses os efeitos que “saltam ao tato” quando se usa os produtos da linha. O cabelo secava brilhante, sedoso, e, apesar de eu não ter mudado nada em relação aos produtos de styling que estava utilizando (um óleo capilar da Wella e um modelador da L’Oréal Professionnel), ficava com os cachos ainda mais definidos. E mais fáceis de prender/manipular, se necessário.
Bom, falei, até agora, dos resultados em termos sensoriais e de aparência. E o tal efeito cabelo mais forte e mais cheio? Mesmo não tendo seguido o programa com fidelidade absoluta, minha impressão é de ele que ocorreu, sim. Claro, dentro das expectativas do que é capaz um cosmético – fazer o cabelo crescer é um processo que envolve vários fatores e que, em casos mais sérios, só é resolvido com tratamento dermatológico. Mas que esse “regime patauá” parece beneficiar o desenvolvimento do fio, isso parece sim.
Ah, vale mencionar que o tônico é muito agradável de se usar. É rapidamente absorvido pelo couro cabeludo e não deixa oleosidade residual. E tem – assim como os outros produtos da linha – uma fragrância verde maravilhosa. Eficiente e prazeroso de passar.
Para terminar o post…
Quero mostrar mais algumas fotos da viagem ao Pará. Ela vai ficar na memória, porque…
Experiências que ampliaram meus conceitos de Brasil e de beleza com origens naturais, mas com muita tecnologia envolvida.
Ah, e vale contar também, antes de encerrar o texto, que o patauá parece estar entrando na moda quando o assunto é beleza. A L’Occitane au Brésil acaba de lançar uma linha capilar também centrada no ativo. Mas desta, eu ainda não sei muita coisa. Em breve, atualizações sobre o assunto para você!
Fotos: divulgação Natura e arquivo pessoal Maria Cecília Prado
Fotos: arquivo pessoal Maria Cecília Prado e divulgação Natura (stills produzidos)