O dermatologista João Carlos Pereira, da Clínica Derm, em São José do Rio Preto, é um dos maiores especialistas em transplante capilar do Brasil. Alguns dias atrás, a repórter Letícia Homsi, colaboradora do Beauty Editor, conversou com ele sobre um problema que afeta mulheres a partir dos 25 anos e que se acentua com a idade: a calvície feminina. Em uma entrevista cheia de detalhes, o médico explicou o que diferencia a calvície da queda de cabelo, explicou como se trata cada uma delas e falou sobre a mais nova arma contra a perda definitiva de cabelo: o robô Artas, equipamento hi-tech que chegou há menos de um mês à sua clínica.
Letícia Homsi: O que faz uma pessoa perder o cabelo?
João Carlos Pereira: Primeiro, vamos deixar um ponto bem claro: existe a queda de cabelo e existe a calvície. São dois problemas diferentes. A queda é algo mais comum e pode se intensificar por conta de fatores variados, como mudanças hormonais (como a gravidez ou a menopausa nas mulheres), situações de stress ou cirurgias que provoquem mudanças agressivas no organismo (caso, por exemplo, da cirurgia bariátrica). Já calvície é a perda de cabelo que tem um gatilho genético, é herdada tanto do pai quanto da mãe. Costuma ser irreversível e a única solução para ela é fazer um transplante – colocar novos fios nas áreas onde a perda ocorreu.
LH: A calvície feminina acontece nas mesmas áreas da cabeça que a masculina?
JCP: Não. Nos homens,a calvície é mais perceptível porque ocorre em regiões específicas: as entradas laterais e o topo da cabeça. Já nas mulheres, a diminuição ocorre na cabeça toda. Ela é difusa, mais homogênea e raramente é total. A gente a percebe porque o couro cabeludo começa a ficar mais visível sob os fios.
LH: Quais são os tratamentos mais eficientes para a queda temporária e para a definitiva?
JCP: A perda acentuada, porém temporária, pode ser revertida de várias formas, como com suplementação de nutrientes, ajustes na dieta e tratamentos tópicos, como a aplicação de Minoxidil (medicamento vasodilatador) no couro cabeludo. Sempre, claro sob a supervisão de um médico. Existe também a mesoterapia, microinjeções de vitaminas, aminoácidos e outros princípios ativos que são dadas com uma seringa ou com uma pistola automática. Este último tratamento é mais polêmico: há médicos que gostam, outros, como eu, não fazem por acreditar que não haja muito resultado. Já a calvície hereditária, como já mencionei antes, só pode ser revertida com o transplante capilar. Mas mesmo assim é preciso fazer uma avaliação cuidadosa, caso a caso. O médico precisa checar primeiro se o couro cabeludo está em boas condições para receber os novos tufos de cabelo, pois só assim eles se fixarão e crescerão da forma esperada.
Mais detalhes sobre a cirurgia
LH: Qual a diferença entre a cirurgia tradicional de transplante e a cirurgia feita com o robô Artas?
JCP: Na cirurgia manual, os enxertos são obtidos a partir de um segmento (uma tira) de couro cabeludo que é removido previamente da cabeça – em geral, ele é tirada da nuca. Os tufos são retirados dessa fatia de pele, tratados pelo médico e enxertados na região que se deseja tratar. Dá ótimos resultados, mas o pós-operatório é chato: o paciente sente dor e ganha uma cicatriz grande, que só fica disfarçada depois que os fios voltam a crescer sobre o local. Com o robô, não há necessidade de se remover a tira do couro cabeludo. O paciente fica deitado de bruços, anestesiado, enquanto a máquina se ocupa de toda a primeira parte da cirurgia: tira, um a um, os tufos necessários para fazer o implante. A parte do implante continua igual, é feita manualmente pelo dermatologista. Mas as vantagens de se incorporar o robô à operação são grandes. Não há cicatriz, o incômodo depois da operação é muito menor e o tempo de recuperação é curto: em 48 horas a paciente pode retomar suas atividades habituais (apenas para praticar esportes o intervalo é mais longo – deve-se evitar por pelo menos uma semana).
LH: Quem não pode fazer o transplante capilar com o Artas?
JCP: As mesmas mulheres que não podiam passar pelo transplante tradicional: grávidas, com algum problema de saúde que impeça cirurgias ou aquelas que têm poucos cabelos para serem transplantados – ou fios extremamente finos.
LH: O robô só pode ser utilizado nos transplantes capilares ou também pode ser usado para repor fios em outras áreas, como as sobrancelhas?
JCP: Os cabelos extraídos do couro cabeludo pelo Artas podem sim ser utilizados na sobrancelha. E também podem ajudar a repor os fios em áreas que foram afetadas por acidentes e queimaduras, por exemplo.
LH: E nesses casos o resultado não fica artificial? Porque os pelos da sobrancelha, por exemplo, são diferentes, um pouco mais grossos, do que os fios de cabelo que partem do couro cabeludo…
JCP: Não fica exatamente igual, eu concordo. Mas você precisa considerar quenesses casos a operação não é de rotina – só se recorre à ela quando for extremamente necessário.
LH: A pessoa precisa tomar algum cuidado especial antes de se submeter à cirurgia?
JCP: Deve fazer exames de sangue, eletrocardiograma e o que mais o médico considerar necessário para checar suas condições de saúde. Fora isso, não existe nenhuma regra a ser seguida. A duração da cirurgia é em torno de 6 horas e pode ser realizada somente sob anestesia local, ou com anestesia local e sedação (o que traz mais conforto para a paciente).
LH: Logo após o transplante, como fica a aparência do couro cabeludo? E que tipo de cuidado é preciso ter para não prejudicar a recuperação e a fixação dos fios nos novos lugares?
JCP: Nos primeiros dias, o couro cabeludo apresenta pequenas crostas – do tamanho da cabeça de um alfinete – nos locais onde os novos fios foram implantados. Elas vão caindo progressivamente e desaparecem em no máximo dois meses. No dia seguinte à cirurgia, o cabelo pode ser lavado apenas com água, e com muita delicadeza. Depois dessa primeira lavagem, o recomendado é repetir a limpeza após o quinto dia, e somente com xampus e condicionadores indicados pelo médico. Esses cuidados de beleza especiais são mantidos por cerca de um mês.
LH: Em quanto tempo os resultados começam a aparecer?
JCP: Fios novos começam a nascer 90 dias após a cirurgia e o resultado final aparece depois de um ano. No início, a pessoa pode perceber diferenças no comprimento, porque os fios enxertados são curtos e tendem a cair para que nasçam outros, já implantados no novo local. Isso talvez incomode um pouco no começo, mas basta pentear com cuidado para disfarçar a diferença e garantir a beleza do visual. Com o passar do tempo e com a retomada dos cortes no ritmo habitual, o cabelo ganha um caimento melhor, mais harmônico.
LH: Os resultados com o novo método são permanentes?
JCP: Sim. A colheita dos folículos capilares é realizada em áreas que não são afetadas pela herança genética. Por isso, o cabelo implantado vai durar a vida toda.
LH: Mas e se a pessoa, no futuro, desenvolver uma nova calvície? Perder cabelos que já tinha e voltar a ficar com o couro cabeludo aparente?
JCP: Nesse caso, não há o menor problema em fazer um novo transplante. Isso, claro, desde que se faça uma nova avaliação prévia da paciente e do seu caso.
Foto: arquivo pessoal Letícia Homsi
Comentários
buenas, en cualquier caso lo que no entiendo es porque asumen su muerte si más, sobre todo el hombre, la mujer intenta por lo menos huir, el hombre se queda sentando tan pancho quemandose vivo, no se, pero no lo entiendo. Yo lucharÃa contra un millon de personas si fuera necesario, seguramente me matasen pero ya inicesocnnte, de verdad, la tranquilidad con la que asume su muerte el hombre me parece estupida. saludos