Estes últimos verões estão exigindo da gente um malabarismo extra. Já que queimadura e câncer de pele + dengue, zika e chikungunya são todos assuntos muitíssimo sérios, agora temos que arrumar uma maneira de nos proteger do sol e do mosquito Aedes Aegypti ao mesmo tempo. O problema: encontrar um filtro solar que já venha com repelente é uma missão bem difícil* (a maioria das empresas, inclusive, desistiu de fabricar esse mix porque é complicado estabilizar e manter os dois tipos de ativo funcionando com perfeição em uma mesma fórmula). Então, acabam sobrando dúvidas sobre como conseguir se precaver contra todos esses problemas sem diminuir nem a eficácia do filtro, nem a ação do repelente (e, claro, sem fazer mal à pele).
Como aqui no Beauty Editor toda dúvida é um ótimo motivo para começarmos uma apuração, aproveitamos o desafio e fizemos aquilo que a gente mais ama: conversar com uma especialista para tentar esclarecer o assunto. Veja só o que a dermatologista carioca Juliana Piquet, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e consultora das marcas La Roche-Posay e Vichy, contou para a gente!
Dúvida 1: o que deve ser aplicado primeiro, o filtro ou o repelente?
Primeiro, você deve espalhar o protetor solar. Depois de 15 minutos – quando o filtro já tiver secado completamente –, é hora de borrifar o repelente. Sim, dá mais trabalho e requer mais planejamento. Mas é por um ótimo motivo, concorda?
Dúvida 2: o repelente não dilui (e não diminui a capacidade de proteção) do protetor?
Alguns estudos científicos sugerem que isso pode acontecer, sim. As pistas são de que o filtro solar chega a perder cerca de 30% de sua eficácia (dando um exemplo bem simples, se o FPS no rótulo é 30, ele pode baixar para algo em cerca de 20). Qual a melhor maneira de contornar o problema? Usar um protetor solar com FPS mais alto. Ou seja, mesmo que continue ocorrendo a perda de eficiência, o prejuízo final é menor.
Dúvida 3: e em relação ao oposto? O filtro solar não diminui a eficácia do repelente?
Se você fizer exatamente como explicado na resposta para a dúvida 1 – passar o filtro, esperar secar por 15 minutos e só então utilizar o repelente –, a chance de isso acontecer é pequena.
Dúvida 4: na hora de reaplicar, como faz?
Aí a questão fica um pouco mais complexa, já que filtro solar e repelente têm indicações de reaplicação diferentes. O filtro, a gente deve reaplicar a cada duas horas ou depois de cada mergulho na água; o repelente, em geral, no máximo três vezes ao dia. E aí, como lidar com esse desencontro? O ideal é reaplicar o protetor como mandam as diretrizes (de preferência enxaguando bem o corpo com água doce depois de sair do mar e antes de passar o filtro), e reutilizar o repelente no máximo mais uma vez enquanto estiver na praia ou piscina. Quer ficar o dia todo na praia, mergulhou até perder a conta e está com medo de a ação do repelente estar indo, literalmente, por água abaixo? É, isso pode mesmo acontecer. Não seria melhor então abrir mão de algumas horas da diversão mas manter a tranquilidade em relação ao mosquito?
Dúvida 5: as mesmas dicas valem para combinar os dois tipos de produto no rosto?
Sim, mas com o cuidado extra de evitar passar o repelente perto da boca, dos olhos e das narinas, pois ele pode irritar a mucosa. Dica extra da dra. Juliana para quem tem um bebê: não passe repelente nas mãozinhas do pequeno, pois ele pode acabar levando-as até a boca – e acabar sofrendo com esse mesmo tipo de problema.
Pronto, você já está por dentro das dicas para passar um dia perfeito – sem ardido e sem picadas – na praia ou no clube. Agora só falta escolher um protetor solar eficiente (entra lá na página de Proteção Solar para ter ideias!), sair correndo atrás de um repelente que atue contra o mosquito da dengue (os à base de icaridina, concordam os especialistas, costumam dar melhor conta do recado – aqui tem um teste da Proteste avaliando algumas marcas do mercado) e aproveitar todos os verões de uma maneira mais esperta.
Foto: Flavio Veloso/Getty Images
* existem poucos, e de empresas menos conhecidas, disponíveis no Brasil – fazendo uma pesquisa online, encontrei os das marcas Luvex e Nutriex, mas não há informações detalhadas sobre os ativos repelentes a insetos utilizados em cada um deles.