Queda de cabelo: aí está uma questão que tira não só os homens, mas também as mulheres, do sério. Porque somos, sim, sujeitas a esse tipo de problema de beleza – e de saúde. Que pode aparecer ligado a mudanças hormonais, a deficiências nutricionais ou a momentos de sério estresse. Aproveitei a vinda do tricologista Glenn Lyons, diretor clínico da Philip Kingsley (marca britânica de cuidados com o cabelo), ao Brasil, para checar dúvidas sobre o assunto. E ele dividiu comigo várias informações interessantes para quem quer manter seus fios saudáveis e bem grudadinhos à cabeça. Confira!
Beauty Editor: Tenho a impressão de que as reclamações sobre queda de cabelo estão se tornando mais comuns ultimamente… Sua percepção sobre o assunto é a mesma?
Glenn Lyons: Sim, e relaciono essa queixa de beleza com as mudanças na dieta que as pessoas andam fazendo sem muita consciência. Cortar totalmente os carboidratos, por exemplo, pode trazer muitos prejuízos. Não adianta nada você consumir muita proteína, substância que compõe o cabelo, se não ingerir também carboidratos. São eles que fornecem a energia necessária para o folículo capilar fabricar e manter o fio. Pães e massas integrais, batata doce e até mesmo alimentos à base de farinhas brancas em doses controladas precisam aparecer no cardápio diário para que o organismo como um todo se mantenha em equilíbrio.
BE: Algum outro alerta importante a respeito da relação entre alimentação e saúde capilar?
GL: Veganos, atenção! Vocês precisam fazer um acompanhamento médico para checar se não está faltando nenhum nutriente na dieta. Vale para manter a saúde no geral, e a do cabelo em particular.
BE: Suplementos podem ajudar no dia a dia?
GL: Fala-se bastante sobre a conexão entre os suplementos nutricionais e a saúde do cabelo, mas ainda há muita polêmica a respeito. A cisteína é importante, sim, para a manutenção do fio – mas, antes de tomar um comprimido por conta própria, cheque com o médico se ele é mesmo necessário. E o ferro, esse é fundamental para o cabelo se manter saudável. Mulheres com anemia, ou que perdem muito sangue na menstruação, volta e meia apresentam queda de cabelo como efeito colateral. Mas, mais uma vez, antes de começar a ingerir uma suplementação, é preciso falar com o médico, além de fazer exames para constatar eventuais carências de nutrientes. E vale lembrar que o ferro sozinho não faz milagre. É preciso tomar vitamina C também – sem a presença dela, o organismo não consegue aproveitar o ferro em suas reações químicas.
E a idade, tem influência?
BE: Saindo do campo da dieta e indo para o da idade: conforme a gente fica mais velha, o cabelo cai mais?
GL: Sim, isso é fato. Conforme a produção de estrógeno diminui e o nível de testosterona vai aumentando (proporcionalmente falando), o cabelo passa a cair e a ficar mais fraco. Os fios afinam progressivamente, o couro cabeludo ser torna mais visível e começam a aparecer falhas aqui e ali – nas têmporas, por exemplo. A principal medida para evitar esse tipo de queda? Assim que começar a notá-la, procure um tricologista [nota do BE: ou um dermatologista especializado em cabelo]. Quando o processo ainda está no início, é possível brecá-lo e até mesmo revertê-lo parcialmente. Mas se, ao contrário, o espaçamento e o afinamento dos fios estiver adiantado, ficará mais difícil para o especialista atacar o problema. O resultado existirá, mas será inferior.
BE: Como se trata esse tipo de queda?
GL: A minha conduta [nota do BE: além de diretor clínico da Philip Kingsley, Glenn atende em seu próprio consultório] é prescrever a aplicação tópica de uma substância antitestosterona – o acetato de ciproterona – diretamente no couro cabeludo. O uso regular evita que o folículo capilar vá diminuindo de tamanho e perdendo sua função e, com isso, ele se mantém ativo e fabricando fios fortes e saudáveis. Mas – adivinhe? –, não é o tipo de tratamento que se deva fazer sozinha. Para controlar os hormônios sem correr nenhum tipo de risco, só contando com orientação médica.
Medidas para prevenir a queda
BE: O que mais as mulheres podem fazer para manter o cabelo forte, saudável e bem firme no seu lugar?
GL: Lavar o cabelo diariamente, se possível. Você limpa o seu rosto todo dia, não limpa? Com o couro cabeludo, o cuidado deveria ser o mesmo. Mas, importante, se toda vez que você lava também seca com o secador e faz escova, aí é melhor espaçar as lavagens. Trata-se de uma equação: manter o equilíbrio do couro cabeludo, porém sem danificar os fios. Além disso, escolha com cuidado quem cuida do seu cabelo. Uma coloração mal feita, ainda mais se ela ocorrer em um cabelo que já está danificado, pode provocar quebras e irritações na pele da cabeça. Por fim, capriche na manutenção. Um cabelo com bom condicionamento e elasticidade e que é desembaraçado e penteado com carinho certamente é mais saudável do que aquele que é agredido mecanicamente o tempo todo.
(Entre os muitos produtos de beleza bacanas da Philip Kingsley, Glenn indica, em especial, o tratamento pré-lavagem Elasticizer. Para ser usado uma vez por semana e, com isso, deixar o fio mais resistente, macio e com mais brilho – tenho feito isso e gostado muito do resultado! Na foto, a versão Extreme, indicada para fios muito porosos e superdanificados. Os cosméticos da marca estão à venda na Drogaria Iguatemi, na Onofre e na Sephora, entre outros pontos de venda)
BE: E o alisamento, causa queda?
GL: Causa enfraquecimento e quebra – e o resultado é um cabelo mais esparso, mais fino, que cai por conta de danos, principalmente se o procedimento químico não for bem conduzido. Mas mesmo assim há casos em que alisar pode ser menos danoso do que não alisar. Quais? Naqueles em que a mulher é tão obcecada por ter fios lisos que, se abandonar os processos químicos, vai ficar fazendo escova e chapinha o tempo todo. Mais uma vez, é uma questão de equacionar direito para chegar à uma boa solução.
BE+
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Foto: arquivo pessoal Maria Cecília Prado